Lisboa, 1º dez - O consumo de maconha de alta potência diariamente aumenta em até seis vezes o risco de sofrer uma doença psicótica, como esquizofrenia, afirmou um artigo científico publicado nesta terça-feira, que tem como coautor o português Tiago Reis Marques. "O uso diário de uma maconha mais potente aumenta em até seis vezes o risco de uma doença psicótica, como esquizofrenia ou outras semelhantes", explicou à Agência Lusa o psiquiatra dos hospitais da Universidade de Coimbra, que faz doutorado em Londres.
No Instituto de Psiquiatria de Londres, o português participa do estudo Genetics and Psychosis (GAP - Genética e Psicoses), cujos resultados foram parcialmente publicados nesta terça-feira, na edição de dezembro do British Journal of Psychiatry.
O pesquisador, de 33 anos, ressaltou, porém, que a maconha "não é uma causa em si", mas antes um fator de risco e um estopim para uma doença mental grave, como a esquizofrenia. "Em pessoas que, com outros fatores de risco associados, como genéticos ou sociais, estejam em risco aumentado, [o consumo] é um fator precipitante para a esquizofrenia", explicou. Há muito que as pesquisas analisam as causas das psicoses, expressamente sobre fatores genéticos ou sociais e consumo de drogas. A novidade deste estudo é a comprovação de que a potência da maconha consumida e a frequência de seu uso aumentam até seis vezes o risco de apresentar doença psicótica. Maconha geneticamente modificada
O pesquisador português explica que, atualmente, "a maconha geneticamente modificada, a preferida pelos usuários comuns", originária da Holanda e de outros países, "tem de 12% a 18% de THC, substância que provoca os sintomas comuns, como euforia, desinibição, quando antes continha apenas 2% a 4%". As "óbvias implicações para a sociedade" incluem olhar para a maconha "não como uma droga somente leve, mas como uma droga que potencia e aumenta o risco de doença mental grave", antecipou o pesquisador. Destacando que esta decisão se situa no nível político, Tiago Reis Marques prevê uma "implicação muito importante na agenda de saúde pública, assim como na forma como a política, criminal e legislativa terá de olhar para a maconha". O passo seguinte da equipe do pesquisador será perceber como a maconha atua no cérebro para que surjam sintomas psicóticos (delírios, paranoia, alucinações, sintomas de perseguição) e como é que a droga se combina com fatores genéticos, por exemplo.
O Psicanalista Aluney Elferr, já dizia isso há bastante tempo em Manaus, e explica:
Psicose: Perturbação grave das funções psíquicas, que se caracteriza principalmente pela perda de contato com a realidade, incapacidade de adaptação social, perturbações da comunicação e ausência de consciência da doença. Para Freud, a psicose é resultado do conflito entre o ego e o mundo exterior. Diante da frustração de fortes desejos infantis, o ego nega a realidade externa e procura construir, através do delírio, um mundo interno e externo de acordo com as tendências do id. A psiquiatria distingue duas classes de psicoses: as orgânicas, em que uma enfermidade orgânica é encontrada como causa; e as funcionais, em que não há lesão orgânica demonstrável. Três formas de psicose funcional são reconhecidas: a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva e a paranóia. Psicose significa um estado alterado da personalidade no qual a pessoa tem sensações que não correspondem à realidade e pensamentos que fogem ao seu controle. Uma crise típica de Psicose se caracteriza por alguns ou todos os seguintes sintomas:
Alucinações auditivas, visuais ou olfativas
Sensações e desconfiança de estar sendo observado, provocado, gozado, comentado, controlado, perseguido, vigiado, traído etc.
Sensação de que o ambiente esta estranho.
Agitação, confusão, agressividade.
Não falar coisa com coisa.
Insônia e inapetência.
Sensação de que os mais diversos fatos não são coincidências mas sim que eles tem alguma coisa a ver com ela.
Atribuição de significados diferentes a coisas reais que estão realmente acontecendo. Isolamento, não querer contato com ninguém, assumir um comportamento estranho. Pensamento bloqueado, interrompido. A pessoa parece que não consegue transmitir uma idéia até o fim.
Desleixo com a aparência e a higiene.
Alguns pacientes, principalmente quando a doença aparece na adolescência ficam meio pueris, superficiais, com um sorriso inadequado.
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