MACONHA: QUAL A AMPLITUDE DE SEUS PREJUÍZOS?
A maconha é a droga ilícita mais usada em todo o mundo. O uso da maconha geralmente é intermitente e limitado; no entanto estima-se que 10% dos que experimentaram maconha, tornam-se usuários diários e 20 a 30% a consomem semanalmente. Dados mostram que os indivíduos têm iniciado o uso bem mais cedo e o a concentração de delta9-tetrahidrocanabinol (THC, principal substância psicoativa presente na maconha) está 30% maior do que há 20 anos atrás.
Alguns autores sugerem que damos menos atenção aos danos causados pela maconha por seus efeitos nocivos não serem tão óbvios como o de outras drogas.
No entanto, nos últimos anos, começou-se a investir em pesquisas buscando avaliar a amplitude dos efeitos do uso desta droga. Este tema é particularmente importante para profissionais de saúde mental, pois os maiores prejuízos relacionados ao uso da maconha são os transtornos mentais que acabam sendo relacionados com o consumo.
Uma conferência internacional intitulada “Cannabis e Saúde Mental” em dezembro de 2012, no Instituto de Psiquiatria da Universidade de Londres abordou dois aspectos opostos relacionados à maconha e saúde mental:
1) as conseqüências do uso recreacional, abuso e dependência da maconha;
2) o uso terapêutico dos derivados da maconha (canabinóides). Neste editorial trataremos dos estudos relacionados ao impacto do uso de maconha. que o consumo da maconha no mundo.
A partir de estudos com o THC, Mechoulam e colaboradores descobriram o sistema endocanbinóide humano. Receptores cerebrais (CB1) e neuromoduladores (ex: anandamida) tem um papel importante na fisiologia cerebral regulando diversos sistemas neurotransmissores, tais como: dopaminérgico, serotonérgico, colinérgico, glutamatérgico e gabaérgico. Estudos com animais mostram que o uso crônico de THC determina um desbalanço no sistema endocanabinóide e por conseqüência alterações nos diversos sistemas neurotransmissores.
A maconha é a droga ilícita mais usada por grávidas e estudos com animais e fetos humanos abortados evidenciam efeitos deletérios cerebrais devido à exposição intra-uterina à maconha que podem determinar alterações na vida adulta, inclusive na predisposição para o consumo da droga.
Vários estudos mostram que a maconha pode produzir alterações cognitivas, usuários crônicos apresentam déficits em várias áreas, incluindo aprendizado verbal, memória de curto prazo, atenção e funções executivas. O impacto cognitivo é maior quanto mais precoce e maior a duração do uso. Ainda não está claro se as alterações cognitivas melhoram com a abstinência prolongada, e estudos maiores investigando a irreversibilidade dos déficits neuropsicológicos associados ao uso prolongado desta substância são necessários.
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